Três tendências do mundo fintech que você deveria conhecer

Bruno Zago

06 agosto 2019 - 09:00 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:47

Pessoas colocando as mãos uma sobre as outras

O ano de 2019 será um grande ano para empresas de pagamento e empréstimos B2B, bem como para parcerias banco-fintechs, e isso é ótimo para o mundo de negócios.

Estamos hoje na terceira era da inovação Fintech, que teve início após a crise financeira global de 2008 e o advento do smartphone.

Com fluxos recordes de investimento no setor em 2018, a inovação no setor não apresenta sinais de desaceleração. Nos últimos anos, todavia, ela tem se ramificado em novas direções.

Ramificações? Até então, foram os consumidores que colheram a maior parte dos frutos dessa era via sistemas mais eficientes de pagamento e empréstimos. Contudo, o investimento em fintechs B2B têm crescido muito nos últimos anos e, até o final de 2018, espera-se que as empresas venham também a colher os frutos dessa era fintech de três formas importantes:

 Pagamentos B2B

Os primeiros anos dessa era foram marcados por muitos sistemas de pagamento com foco no consumidor: o uso de cheques e cartões caiu bastante na medida em que crescia o pagamento via aplicativos de celular. Smartphones também se provaram benéficos para “pessoas sem banco” – isto é, pessoas sem cartão de crédito ou conta bancária – algo muito comum em países subdesenvolvidos.

 Nesse quesito, o mPesa do Kenya foi o precursor disso ao permitir a entrada de pessoas em mercados – como depósito e transferências – há muito mal atendidos pelos bancos, com apenas alguns cliques no celular.

Enquanto isso, os pagamentos B2B via fintechs têm crescido lentamente. Porém, isso está mudando! Esse é um mercado há muito abandonado pelos bancos. Pagamentos comerciais são repletos de complexidades, processos manuais e papeladas. Por sua vez, as soluções fintech podem automatizar mais do processo, indo além do realizado pelos bancos, que é a mera transferência de dinheiro de A para B.

Entrantes no mercado incluem a WorldRemit, que, prestes a receber US$ 175 milhões de dólares em financiamento, anunciou seu serviço WorldRemit for Business, que facilitará as transferências internacionais para pagamento de funcionários e fornecedores.

Há também a Ripple, que está construindo uma rede global de pagamento baseada na plataforma Blockchain. Minha própria empresa, Nvoicepay, foi adquirida há pouco pela Fleetcor, cujo portfólio de empresas de pagamento B2B só cresce.

Os bancos tiveram o monopólio dos pagamentos corporativos por décadas, mas já vimos que os consumidores não tiveram medo de migrar para companhias de tecnologias com ofertas melhores; e prevejo que as empresas farão o mesmo.

 Empréstimos B2B

Como todo mundo que já tentou pegar empréstimo no banco sabe, o processo de aprovação pode ser demorado, e o crédito disponibilizado, limitado. As regras mais restritas de empréstimo dos bancos pós-crise financeira parecem não ter sido flexibilizadas o bastante, o que abriu caminho para fintechs que utilizam Big Data e tecnologias avançadas para acelerar a política de negociação, criando, assim, novas opções financeiras para uma gama maior  de pessoas.

O mesmo fenômeno está ocorrendo no mundo B2B. Empréstimos entre empresas tenderá a crescer na medida em que as fintechs explorem várias fontes de dados para oferecer empréstimos e linhas de créditos a pequenos e médias empresas, que foram as mais atingidas pela redução do crédito. Dentre as fintechs que oferecem empréstimos corporativos, podemos citar a Lending Club, Fundera e OnDeck. Brex – uma startup sediada em San Francisco – emite cartões de crédito corporativos para startups, de modo que seus fundadores não precisem estourar seus cartões pessoais – alcançou status de unicórnio em sua última rodada de financiamento.

Prevejo um crescimento dramático nas opções de financiamento da cadeia de suprimentos. Muito se tem falado de oportunidades de financiamento da cadeia de suprimentos, mas, em realidade, esse ainda não é um grande segmento. Mesmo assim, plataformas, redes e ambientes P2P que intermediam transações automatizadas entre compradores e vendedores coletaram grandes volumes de dados transacionais. Elas podem combinar seus próprios dados com dados externos, tornando-os visíveis para uma ampla gama de financiadores potenciais dispostos a emprestar em troca de participação em startups, invoices ou ordens de compras ou PO.

É provável que muito do capital venha dos bancos, mas são as empresas de tecnologia que unirão as partes na transação. Entrantes nesse mercado incluem Surecomp, um player estabelecido que oferece um API que conecta sistemas bancários a sistemas corporativos para retirar informação UNDERWRITING como invoices e contratos comerciais.

Outros entrantes? Startups MarketInvoice e Invoice Fair; Ario, uma firma canadense que oferece um conjunto personalizável de ferramentas corporativas para oferecer financiamento a consumidores; e Finexkap, uma empresa francesa que recentemente levantou US$ 44 milhões para desenvolver sua plataforma de factoring.

Melhores ofertas bancárias para empresas

Quando todas essas fintechs estavam começando em 2008, bancos e instituições financeiras tradicionais estavam em apuros, e a sabedoria comum era de que as empresas de tecnologia entrariam no mercado e roubariam todos os seus clientes.

 Isso não ocorreu, mas as fintechs pressionaram muito os bancos, e os bancos sabiamente adotaram as fintechs, e vice versa – embora, talvez, mais lentamente do que se presumia em 2015 quando Jamie Dimon, CEO do JPMOrgan Chase famosamente declarou “o Vale do Silício está chegando”.

Bancos, é claro, têm muitos ativos, grande base de clientes e grande alcance. Mas eles não têm a tecnologia das fintechs, muito menos a mesma habilidade de venda. A combinação de forças realmente faz muito sentido para os bancos abraçarem as fintechs. Mas, até aqui, tem havido poucas parcerias, e apenas um conjunto de grandes bancos, incluindo o Chase, adquiriam Fintechs.

 Mesmo assim, penso que, na medida em que as fintechs entrarem no mercado de pagamento B2B, e os empréstimos crescerem, a pressão sobre os bancos aumentará significativamente. Esses são mercados muito maiores, com maiores margens de lucro, e é provável que os bancos briguem muito para proteger sua parcela de mercado. Então, veremos o número de parcerias banco-fintech crescerem, e bancos de segunda linha entrarão no jogo. Isso se traduzirá em melhores ofertas para as empresas.

É interessante que pagamentos e empréstimos lideraram a parte inicial, orientada para os consumidores, da terceira onde – provavelmente porque aqueles eram os casos de uso mais amplos, e a área onde as pessoas mais sofrem.

Agora que uma ampla gama de consumidores experimentaram a facilidade e eficiência dos produtos fintech, suas expectativas mutáveis estão começando a influenciar as empresas. Recebíveis estão começando a questionar por que tanta ineficiência ainda existe em seu mundo, buscando formas melhores de lidar com pagamentos. Tesouraria e finanças também estão esperando por novas opções de empréstimo e financiamento para consumidores, começando a pensar além do banco pela primeira vez.

São ótimas notícias para clientes corporativos. Quando há mais escolha no mercado, seja para pagamentos ou empréstimos ou outros tipos de serviços, o consumidor só tem a ganhar. Então, enquanto pensamos que 2019 terminará sendo um grande ano para empresas de pagamento e empréstimos B2B, e para parcerias banc-fintechs, negócios estão começando a serem os grandes vencedores em 2019.

Este artigo foi traduzido e adaptado do original “3 Trends Happening to Fintech That You Should Know About“, de autoria de Karla Friede e publicado no Entrepreneur.

 

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