TI como serviço: do desenvolvimento ao consumo

Rogério Marques

27 julho 2017 - 15:18 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:39

Tela de computador com ícones de upload para o cloud na frente

Nos próximos três anos, as empresas farão uma transição fundamental de desenvolver TI para consumir TI. Tal conclusão baseia-se na pesquisa IT-as-a-Service (ITaaS) Cloud and Enterprise Cloud Infrastructure da McKinsey. A maior lição: as empresas estão planejando transferir workload (tarefas) de TI em ritmo acelerado para uma infraestrutura híbrida em nuvem, com ambientes off-premise (fora da empresa) vendo o maior crescimento na adoção. Embora o custo pareça ser o principal fator dessa mudança, nossa pesquisa mostra que os benefícios em tempo e qualidade frente ao mercado estão impulsionando a aceitação da nuvem, enquanto segurança e compliance (regras e normas a serem respeitadas de um negócio) permanecem as principais preocupações, particularmente em grandes empresas.

A pesquisa ITaaS Cloud da McKinsey abrangeu aproximadamente 800 CIOs e executivos de TI ao redor do mundo, de indústrias variadas, oferecendo uma visão única e global da transição para a nuvem. Participantes variaram de pequenas até grandes empresas (Fortune 100). A pesquisa mediu o ritmo de migração para nuvem ao nível de workload, o impacto resultante na indústria de TI, e o critério de decisão das empresas na seleção de fornecedores de serviços de infraestrutura em nuvem.

O relatório mostrou uma mudança geral de desenvolvimento para consumo, com a expectativa de ambientes off-premise terem uma crescimento considerável (Figura 1). Em particular, as empresas planejam reduzir o número de workloads centralizados em ambientes tradicionais e virtualizados on-premise (dentro da empresa), enquanto se espera que infraestrutura em nuvem privada, em nuvem privada virtual e infraestrutura pública como serviço (IaaS) tenham taxas de crescimento substancialmente maiores. Interessante, os ambientes privados on-premise, que têm sido adotados por quase metade das empresas, provavelmente não registrarão crescimento.

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Uma análise mais profunda na adoção da nuvem tendo em vista o tamanho da empresa mostra uma mudança significativa iniciando nas grandes empresas (Figura 2). É provável que empresas maiores transfiram workloads de ambientas tradicionais e virtuais para a nuvem – em um ritmo provavelmente mais rápido que no passado. Isso se reflete em redução no volume de empresas planejando ter workloads em ambientes tradicionais e virtuais, enquanto todos os ambientes em nuvem tendem a registrar crescimento notável. Uma tendência similar pode ser vista em empresas de médio porte, embora em nível menor, como têm estado à frente na adoção da nuvem até agora com relação às grandes empresas.

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Dado que as empresas de médio ou grande porte são responsáveis por grande parte da receita e dos lucros da indústria de TI tradicional, o ritmo dessa mudança prevê grandes dificuldades para fornecedores de produtos de TI on-premise. Ao mesmo tempo, essa transição significa grandes ganhos no futuro para provedores de serviço off-premise de infraestrutura em nuvem.

A adoção da nuvem em grandes empresas crescerá rapidamente

Para melhor entender a adoção da nuvem em grandes empresas, podemos analisar os insights do relatório Enterprise Cloud Infrastructure da McKinsey, um exame detalhado da transição para nuvem em mais de 50 grandes empresas ao redor do mundo.

Entre setembro de 2014 e março de 2016, uma equipe da McKinsey entrevistou grandes organizações na Europa e na América do Norte para descobrir mais sobre sua adoção da nuvem e da infraestrutura da próxima geração. A maioria dos entrevistas era de indústrias reguladas, tais como bancos, seguros e saúde, e enfrentavam pressão significativa para introduzir capacidades digitais. A nuvem é a fundação crítica para permitir essa digitalização. A McKinsey questionou essas organizações sobre a estrutura e a gestão de seus programas na nuvem, as capacidades técnicas implementadas até o momento, os benefícios realizados e seus planos futuros.

Enquanto a maioria das grandes empresas tem a intenção, e estão, de fato, mostrando progresso na migração para a nuvem, esse estudo revelou insights sob a extensão da migração, além dos incentivos e das barreiras à adoção da nuvem. Na verdade, concluímos que embora muitas organizações tenham programas plurianuais focados na nuvem, sua taxa de adoção – como medida pelo número de workloads x86 em nuvem – permanece, hoje, em nível inferior a 20%. (Figura 3)

figura3

Ao mesmo tempo, os participantes da pesquisa de grandes empresas mostraram maior abertura à adoção de serviços públicos em nuvem, com líderes planejando migrar até 20% de todo o workload x86 para ambientes Infraestrutura como serviço ou Plataforma como serviço dentro de dois a três anos. Espera-se que grandes empresas aumentem significativamente sua adoção de serviços privados em nuvem, praticamente duplicando workloads em nuvem privada até 2108.

Incentivos e barreiras à aceitação da nuvem

Vantagens no mercado e na qualidade impulsionam considerações em prol das soluções da nuvem, superando os benefícios em custo. O relatório Enterprise Cloud Infrastructure revelou que a segurança e o compliance lideram a lista de barreiras à adoção mais ampla/geral da nuvem pública, além de serem as considerações mais importantes quando da seleção de provedores de serviços em nuvem. O custo é o terceiro elemento mais importante. Finalmente, a interoperabilidade com soluções privadas on-promise em nuvem também é um critério importante.

Nossa pesquisa mostra que quando falamos da seleção de um provedor de serviços em nuvem, é provável que as empresas escolham provedores Hyperscale como Amazon, Google e Microsoft – isto é, os que têm a maior capacidade. De acordo com nosso relatório ItaaS, praticamente metade (48%) das grandes empresas com workloads off-premise transferiram pelo menos um workload para um provedor Hyperscale, e esse número provavelmente subirá para cerca de 80% em 2018. Empresas têm uma clara preferência por provedores Hyperscale devido às capacidades que têm a oferecer, contrabalanceadas por preocupações com aprisionamento tecnológico.

Praticamente metade dos participantes da pesquisa também planejam usar provedores de serviço de segundo e terceiro níveis, tais como Rackspace, bem como fornecedores tradicionais para, pelo menos, um workload off-premise. Adicionalmente, a falta de talento interno em nuvem e a necessidade de modelos em nuvens podem levar à adoção ampla de ofertas de nuvem gerenciada (managed cloud).

Os efeito cascata da nuvem afetará o mercado de TI empresarial

Para entender as implicações da mudança de desenvolvimento para consumo no mercado de TI empresarial, considere a evolução em servidores e na capacidade de armazenamento de data centers on-premise comparada com ambientes de serviços off-premise em nuvem.

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Os dados revelam que uma mudança notável está afetando os fornecedores de TI empresarial, com servidores e dispositivos de armazenamento enfrentando crescimento anual potencial de -5% e -3%, respectivamente, de 2015 a 2018.

Um elemento interessante aqui é que o crescimento de instâncias server e capacidade de armazenamento por ambientes off-premise tende a ser encabeçado por provedores de serviços Hyperscale em nuvem. Esses fornecedores estão comprando infraestrutura para dar conta de workloads de consumidores (por exemplo, pesquisa, mídia social, e-commerce e streaming de vídeo), que são criticamente importante para integrar seus negócios empresariais na nuvem.

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O impacto na ambiente de fornecedores de TI empresarial será considerável. Esperamos que os fornecedores de hardware e software focados em ambientes on-premise terão dificuldades à medida que os gastos on-premise caírem. Os fornecedores focados na venda de provedores de serviços em nuvem, todavia, provavelmente terão crescimento significativo.

Além disso, espera-se que os provedores de serviços Hyperscale em nuvem continuem a aumentar seu engajamento com fornecedores de componentes de semicondutores, memória e armazenamento para alavancar sua escala no desenvolvimento de arquitetura específicas para workload.

Os fornecedores de serviços de TI provavelmente verão uma mudança no seu mix de serviços, com serviços tradicionais de TI enfrentando uma queda, enquanto a migração para a nuvem e serviços relacionados a ela aumentam significativamente.

Esperamos que os distribuidores e revendedores de valor agregado (VAR) verão seus negócios mudarem. O panorama dos VAR pode passar por consolidação; ao mesmo tempo, novos VARS específicos, baseados em nuvem, provavelmente emergirão (Cloud Sherpas, que foi adquirida pela Accenture, é um exemplo). Distribuidores provavelmente precisarão evoluir com seus modelos específicos para estabelecer um papel para eles no novo mundo do consumo, com um espectro de opções de consolidação potencial e negócios tradicionais por meio de fusões e aquisições (por exemplo, de outros distribuidores ou grandes VARS) para maximizar novas oportunidades na era da nuvem como, por exemplo, tornar-se um fornecedor de nuvem gerenciada.

A adoção da nuvem terá efeitos profundos

O relatório ITaaS Cloud and Enterprise Cloud Infrastructure da McKinsey encontrou que a mudança para a nuvem está se acelerando, com grandes empresas tornando-se grandes impulsionadoras do crescimento de ambientes em nuvem. Isso representa uma mudança com respeito à situação atual, e esperamos que se traduza em grande turbulência para a cadeia de valor da indústria focada em ambientes on-premise; os provedores de serviços em nuvem, liderados pelas empresas Hyperscale e os fornecedores que as atendem, provavelmente terão crescimento significativo.

Artigo original: IT as a service from build to consume, por Arul Elumalai, Irina Starikova, and Sid Tandon

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