Teste de Software: Investimento ou Custo?

Rogério Marques

04 junho 2018 - 17:15 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:41

Telas de computador com códigos fonte em uma mesa

Antes de começarmos, irei conceituar brevemente a qualidade de software. Qualidade de software é: “A entrega de um produto ou serviço ao cliente, que esteja em conformidade com suas expectativas seguindo necessidades explícitas, declaradas nas suas requisições, através de reuniões com os steakholders”. Ou seja, a qualidade garante que o cliente seja o foco principal e que suas necessidades sejam atendidas.

Muitos podem se perguntar “Por que é necessário testar?”

A resposta para esta pergunta é simples e evidente: A vida é baseada em testes, o seu dia-a-dia é baseado em testes. Calma, eu explico… Vou lhe dar um exemplo: quando você vai a um supermercado ou loja e se depara com algum produto ou serviço que ainda não é do seu conhecimento, você logo pensa: “Vou levar e testar, se gostar comprarei novamente”. O teste de software não é diferente. Claro que ao existir um processo de qualidade, profissionais qualificados, sabemos que o processo já possui maturidade suficiente para inserir a gestão da qualidade.

De acordo com o Syllabus (Certified Tester Foundation Level Syllabus – Versão 2011br) “O resultado da execução dos testes pode representar confiança na qualidade do software caso sejam encontrados poucos ou nenhum defeito. Um teste projetado adequadamente e cuja execução não encontra defeitos reduz o nível de riscos em um sistema. Por outro lado, quando os testes encontram defeitos, a qualidade do sistema aumenta quando estes são corrigidos.”

A gestão da qualidade é investimento ou custo?

Bom, em minha opinião todas as pessoas que se interessam pelo assunto se fazem essa pergunta. Mas, antes de tudo é necessário se perguntar:

Os resultados surgirão? Será em curto, médio ou longo prazo?

Quem nunca ouviu o ditado popular “O barato sai caro”? Muitas pessoas podem afirmar que: “A vida é curta demais para testar antes de ir para produção”, mas, mediante tal afirmação, devo lhe perguntar, a vida é curta demais apenas para isso? O meu cliente terá que pagar por isso? Sinto muito, você deverá prolongar sua vida.

De acordo com um estudo publicado pelo NIST – National Institute of Standards and Techonology – (*1), instituto governamental não regulatório da administração de tecnologia do Departamento de Comércio dos Estados Unidos (*5), mostra que a falta de testes realizados com  infraestrutura e processos adequados, além de prejuízos à reputação e perda de negócios, é causa de prejuízos financeiros diretos nos diversos setores da indústria e da prestação de serviços.

Como exemplo, a indústria aeroespacial teve perdas de cerca de US$ 2,5 bilhões em cinco projetos executados entre 1993 e 1999, por falta de qualidade do software; no setor financeiro, a economia, que poderia ter sido gerada com testes adequados de software, foi estimada em US$ 1,5 bilhão e os defeitos de software haviam causado problemas acerca de dois terços dos usuários dos serviços.

Isso se repete em diversos segmentos, o que gerou um impacto no PIB dos EUA estimado em US$ 22,2 bilhões, no final do século passado. Assim, cerca de 0,2% do PIB poderia ter sido economizado caso houvesse infraestruturas adequadas de testes de qualidade de software.

Sendo assim, caro leitor, eu lhe pergunto: vale à pena correr o risco? Na atualidade, quase tudo se conecta a um sistema, se o mesmo não funcionar de acordo com os pré-requisitos definidos, pode custar a vida de alguém. Posso mostrar alguns exemplos de prejuízos que algumas empresas tiveram por seu software não ter funcionado corretamente, segue abaixo:

1 – Máquina medicinal mata – ocorrido no ano de 1985 

Prejuízo: Três mortos e três seriamente feridos

Desastre: A máquina de radiação canadense Therac-25 irradiou doses letais em pacientes.

Causa: Um bug sutil chamado de “condição de corrida“, um técnico acidentalmente configurou o  Therac-25 de modo que o feixe de elétrons seria como um fogo de alta potência.

2 – Quase faliu – ocorrido no ano de 2012

Prejuízo: US$440 milhões

Desastre: A KCG (Knight Capital Group) trabalha há anos com investimentos. Em 2012, quase foi à falência devido a uma falha em um novo software que a empresa comprou. O software gerou milhares de negociações que não poderiam ser feitas. Em meia hora, a KCG perdeu US$440 milhões e ficou em situação crítica.

Causa: Uma falha em um novo software que a empresa comprou.

Diante de tais prejuízos, ainda existem dúvidas? Apenas para acrescentar meus argumentos, A tão conhecida Regra 10 de Myers, foi criada por Glenford Myers, um dos pioneiros na área em testes de software, no qual define que quanto mais cedo descobrimos e corrigimos o erro, menor é o seu custo para o projeto, ou seja, um defeito encontrado em produção custa muito mais do que se fosse encontrado na fase inicial. Enfim, os defeitos ocorrem porque os seres humanos são passíveis de falhas.

(*1) Planning Report 02-3 – The Economic Impact of Inadequate Infrastructure for Software Testing; NIST, May 2002.

 

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