Qual o papel da mulher nas empresas de tecnologia?

Patrícia Mourão

28 janeiro 2020 - 18:06 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:47

Mulher sorrindo enquanto usa o celular em um clube de praia

Um relatório publicado em 2019 destacou tendências globais em torno do empreendedorismo financeiro: startups fundadas por mulheres têm recebido cada vez mais atenção dos fundos de venture capital ao longo da última década. 

Os resultados foram surpreendentes, segundo o estudo realizado pela PitchBook Data. Em 2018 foram alcançados US$ 46,3 bilhões em capital total em quase 3,5 mil negócios. 

Além disso, as startups fundadas por mulheres demoram menos para alcançar a maturidade. Quer conhecer mais sobre as descobertas da pesquisa e também sobre como é o cenário empreendedor feminino no Brasil? Basta acompanhar o post.

O cenário dos investimentos de venture capital em startups lideradas por mulheres

Quem investe em capital de risco nos Estados Unidos está cada vez mais consciente sobre a questão de gênero quando se trata de financiar empresas de tecnologia. E as mulheres que se envolvem neste tipo de negócio estão colhendo bons frutos. 

Os US$ 46,3 bilhões alcançados em 2018, números que citamos no início do post, representaram 18% do financiamento total realizados pelos fundos de venture capital. 

Sim, é uma fatia pequena e muito ainda precisa ser feito quando o assunto é paridade com os homens. Mas o progresso é realizado a passos largos – o valor mais que dobrou em comparação à 2017. 

E, quando se trata de prever o sucesso da operação, o estudo constatou que as startups com pelo menos uma fundadora têm maior potencial de ‘saída’ – o momento em que os investidores recuperam seu dinheiro – do que aquelas com fundadores apenas masculinos.

De fato, as startups lideradas por mulheres ‘saem’ um ano mais rápido do que as homólogas masculinas. O valor de saída foi de US$ 26 bilhões até o final de 2018, segundo o PitchBook. Bem acima dos US$ 18 bilhões em 2017.

Mas, mesmo com dados comprovados de que as mulheres agregam valor à liderança e retornos mais rápidos sobre os investimentos, a diferença de diversidade ainda é evidente. 

O estudo constatou que apenas 11,2% dos CEOs que realizaram negócios de venture capital eram mulheres. O lado do investidor não melhora: apenas 12% dos tomadores de decisão em empresas de capital de risco dos EUA são mulheres.

As mudanças acontecem em passos lentos, infelizmente. Mas a transformação acontece!

A (triste) realidade do empreendedorismo financeiro feminino no Brasil

Quem acredita que a transformação digital é feita por homens e que tecnologia é coisa de ‘macho’ com certeza não conhece a história da programação. Cinco mulheres negras americanas foram as grandes responsáveis por programar as instruções de um dos primeiros computadores. Inclusive o tema foi abordado no filme “Estrelas Além do Tempo”

No Brasil, infelizmente, ainda há a cultura de que a área de Exatas, principalmente a Engenharia e Ciências da Computação, são coisas de menino. 

O País, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), tem 580 mil profissionais de TI. E apenas 20% são mulheres! Nos Estados Unidos o número não é muito diferente, só 25% são do sexo feminino.

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) em uma pesquisa feita pela área de Inteligência da Softex, de 2007 a 2017 a mulher vem perdendo participação neste setor. 

Em 2007, elas ocupavam 24% dos postos de trabalho em TI e os homens 76%. Embora a quantidade de mulheres tenha praticamente dobrado entre 2007 e 2017 (de 21.253 para 40.492), o número de homens aumentou 144% (67.106 para 163.685). 

Durante o período analisado, a participação da mulher no mercado de trabalho diminuiu de 24% para cerca de 20%. Triste, não é?

Quando o assunto é empreendedorismo, a desigualdade impera. A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) investigou mais de 12 mil empresas e verificou que 84,3% dos empresários são homens.

A Distrito, plataforma de inovação, levantou dentro da sua base de 12 mil startups a participação feminina. As fintechs ficaram em último lugar, com 11%. Triste, não é?

Mas há esperança. Entre os unicórnios tupiniquins (empresas que valem US$ 1 bi ou mais), a única mulher é fundadora justamente de uma fintech: Cristina Junqueira, do Nubank

Programa paulistano incentiva empreendedorismo 

A Prefeitura de São Paulo aproveitou o Dia Internacional da Mulher (8 de março) para lançar o Programa Empreendedoras Digitais. A iniciativa é uma parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

O programa tem como principal função promover o protagonismo das mulheres por meio da capacitação e do desenvolvimento de empresas de tecnologia. A meta é capacitar 300 mulheres e criar 30 startups que serão acompanhadas em um processo de pré-aceleração. As inscrições foram realizadas em abril e o projeto está em andamento.

Ainda falta bastante para as mulheres terem a mesma participação dos homens quando o assunto é empreendedorismo financeiro. Mas, ao poucos, o cenário vai mudar!

E você, qual a sua opinião sobre a participação das mulheres na transformação digital? Escreva nos comentários.

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