A discussão acerca do blockchain está mudando. Apenas começamos a entender todo o potencial dessa tecnologia, diz um executivo.
O Bitcoin ainda não é mainstream, e existe algum ceticismo quanto à moeda digital em geral. Mas a empolgação em torno da tecnologia que permite a sua existência – o blockchain – já alcança um tom diferente. A Blockchain, sediada em Luxemburgo, é uma empresa que oferece uma plataforma software para ativos digitais. Suas ofertas de produto estão na vanguarda da tecnologia blockchain avançada.
Nessa entrevista a Rik Kirkland da McKinsey, Liana Douillet Guzmán, vice-presidente sênior de crescimento, discute quais áreas estão prontas para receber tal tecnologia e como a história está mudando. Acompanhe uma versão editada de suas observações.
Acho que foi a revista Time que, em 1994, teve uma capa dedicada à internet, e o seu destaque era para a darknet. Esse era o panorama do Bitcoin no ano passado. Penso que já passamos dessa fase. As pessoas estão percebendo que tudo pode ser usado para meios ilícitos. Mas, na verdade, o blockchain não é o ideal para o uso ilícito, porque, embora privado, é totalmente rastreável.
Blockchain além do Bitcoin
A tecnologia blockchain é um banco de dados distribuído (livro-razão público). Ele permite o registro permanente, imutável e transparente de dados, em geral, e de transações, em particular. Ele pode ser usado para a troca de uma infinidade de coisas que têm valor, seja um item físico (ou qualquer outra coisa). Podem ser folhas de chá para a fabricante de chá. Ou poderia ser o envio de pagamento P2P sem a necessidade de intermediários.
Eu considero o Bitcoin a porta de entrada para um futuro digital em que tudo que tem valor pode e, provavelmente, será trocado pela via digital. Os bancos centrais se espelharão na experiência do Bitcoin para construir ativos digitais lastreados/garantidos pelos bancos centrais.
Do ponto de vista corporativo, é possível aprender do Bitcoin e aplicar tal conhecimento em outros usos, como, por exemplo, na análise da cadeia de suprimento de sua empresa, utilizando a tecnologia blockchain para rastrear a procedência dos produtos. Você pode fixar uma etiqueta/identificador aos itens ao longo da cadeia de suprimentos e registrar cada movimento diretamente no blockchain.
Creio que teremos blockchains privados ligados a blockchains públicos, similar à forma que pensamos a relação internet e intranet. Se voltarmos à época do lançamento da internet, muitas empresas tomaram um caminho similar: “a internet parece interessante. Na verdade, estamos interessados na intranet. Queremos essa conectividade interna.”
A intranet não mudou radicalmente o mundo, mas é uma parte útil do ecossistema, correto? Ela permite que os negócios interajam uns com os outros internamente e, então, conectem-se ao domínio público. Em última instância, o que veremos é que essas parcerias, esse processo colaborativo, em que temos empresas usando blockchains privados interligados a blockchains públicos.
Bitcoin para as pessoas
Do lado do consumidor, para ser totalmente honesto, não há um argumento persuasivo para o seu uso, para mim – alguém que vive em Nova York, de status socioeconômico destacado, que está muito bem servido pelo sistema financeiro atual.
O interessante é que isso não significa que o sistema que me atende muito bem é um bom sistema. Correto? Quando você analisa criticamente o sistema financeiro atual, ele é bem antiquado.
É primariamente construído sob tecnologia criada na década de 1970. A coisa que me empolga sobre essa tecnologia é (o que ela pode fazer) não só para usuários como eu, mas para usuários ao redor do mundo. Dois bilhões e meio de pessoas ao redor do globo não são atendidas pelo sistema financeiro atual.
Isso significa: uma a cada 12 famílias americanas. E uma em cada cinco famílias estão desamparadas pelo sistema financeiro atual. Elas têm acesso aos serviços financeiros, mas a um custo tremendamente elevado.
Essas pessoas têm um caso de uso radical para essa tecnologia, e para o Bitcoin, especialmente. Penso em alguém que está enviando dinheiro para casa nas Filipinas. O envio comum é de US$ 200, e a taxa é de US$ 12. Essa é a metade do salário diário de uma pessoa comum enviando pagamento transfronteiriço. Você pode enviá-lo via Bitcoin por um custo de centavos. Esse é um caso de uso realmente significativo.
Uma longa jornada
Quando me uni ao Blockchain, a discussão estava relegada aos serviços financeiros. Como os grandes bancos usarão tal tecnologia? Mesmo essa conversa se resumia a como os grandes bancos a usariam para se tornar mais eficientes.
Essa conversa evoluiu, então, para “nós estamos criando um novo modelo de negócio aqui”. Mesmo os grandes bancos estão cientes disso. As pessoas realmente querem ser parte dessa revolução. E esse é o primeiro passo para essa tecnologia. O próximo é “Bem, queremos ser parte da conversa. O que podemos fazer por vocês?” Haverá casos em que a resposta será “nada”. Mas em outros a resposta será muito mais empolgante e complexa.
Uma das questões que temos como indústria é que as pessoas estão falando de incrementos de três a cinco anos. Acredito que esse é um experimento que levará décadas. E não creio poder dizer até onde chegaremos. O que posso dizer é que não acredito que existe uma única indústria que não será tocada/influenciada por essa tecnologia.
Quando a internet foi criada, não havia forma de prever o Facebook. Mas o objetivo da internet era conectar as pessoas de forma direta. É isso que o Facebook faz, correto? É proposto com tal missão. Creio que o mesmo se aplica a essa tecnologia. Essa tecnologia diz respeito a permitir que as pessoas criem e transacionem seus próprios valores.
Creio que ela impactará, inclusive, a questão da identidade. Você pensa nos refugiados e na inabilidade de registar suas identidades. Bem, você pode fazer isso com o blockchain. Tome títulos de propriedade. Haiti, quando o terremoto ocorreu – a maioria, se não todos, os títulos de propriedade na nação estavam guardados em um prédio que foi destruído. Você tem uma nação sem títulos de propriedade.
E essa tecnologia pode mudar isso, para sempre.
Artigo original: “What next for blockchain?”
Autoria: Rik Kirkland e Liana Douillet Guzmán
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