Quando o assunto é transformação digital, uma série de tecnologias disruptivas surgem como alternativas a serem exploradas pelas empresas. Dentre tantas, uma das que se destacam é o blockchain. A ferramenta vem sendo incorporada por várias companhias de serviços financeiros, que visam digitalizar o negócio, otimizar os processos e melhorar a experiência do cliente.
Mas, afinal, por que o blockchain é tão importante para essa estratégia de inovação dos bancos? De que modo ele orienta e define essa revolução focada na oferta de serviços e produtos financeiros mais simples, seguros e competitivos?
Essas e outras questões são respondidas neste artigo. Avance na leitura e conheça cases de sucesso da adoção da tecnologia em instituições financeiras globais.
O que é blockchain?
Embora o blockchain tenha surgido, em 2008, com o bitcoin, a tecnologia vem se dissociando da moeda e ganhando muitas outras aplicações.
Na prática, o blockchain é uma rede formada por blocos encadeados e seguros que armazenam um conteúdo junto a uma impressão digital. No bitcoin, por exemplo, o conteúdo é uma transação financeira. Mas por que a ferramenta gera tanta segurança?
Isso porque, na rede, o bloco seguinte armazena a impressão digital do anterior e o seu próprio conteúdo, gerando uma impressão digital única, que não permite qualquer tipo de alteração nos blocos.
Com essa estrutura, o blockchain aparece como uma tecnologia confiável, que oferece criptografia segura para o envio de ativos digitais sem a necessidade de um intermediador, como um banco, por exemplo.
Dessa maneira, a ferramenta promete simplificar operações de pagamentos, sistemas de clearing, a captação de capital, securitizações e empréstimos.
Logo, a automatização dos serviços bancários também promete ganhar força com os contratos inteligentes: eles devem otimizar outros processos como compliance, processamento de pedidos e distribuição de testamentos.
Quais são o potencial e as possibilidades de utilização do blockchain na indústria financeira?
Com uma tecnologia como essa em desenvolvimento, é claro que os bancos não estão alheios às possibilidades de uso nos serviços financeiros. Muito pelo contrário: na corrida da transformação digital, eles vêm buscando maneiras de incorporar a ferramenta nas transações bancárias também.
O fato é que, ao eliminar a necessidade de intermediários para a conclusão de operações, o blockchain tem potencial de garantir o acesso a serviços financeiros mais rápidos e mais baratos do que aqueles que são ofertados pelos bancos.
A tecnologia pode, por exemplo, diminuir o tempo de transferência internacional, que pode chegar até 4 dias úteis, bem como o custo da transação. Como as criptomoedas são construídas em uma rede pública e descentralizada, qualquer um pode enviar ou receber dinheiro, num prazo que varia de 30 minutos a 16 horas, no máximo.
Além de garantir mais agilidade para o cliente, o uso da tecnologia para transferência entre instituições financeiras de diferentes países, por exemplo, promete diminuir os custos operacionais dos bancos e otimizar os processos. Hoje, uma transferência envolve sistemas de intermediários, de correspondentes bancários e até serviços de custódia.
O blockchain ainda pode simplificar outros serviços financeiros tradicionais, como
Empréstimos e crédito: já existem plataformas de oferta de empréstimo com criptomoedas, que atuam sem qualquer vínculo com o sistema bancário.
Sistemas de clearing: assim como acontece com a transferência internacional, a compra de ativos passa por uma série de entidades e leva dias até ser concluída. Com o blockchain, é possível criar base de dados descentralizada e exclusiva para os ativos, facilitando a transferência por meio de tokens criptografados.
Cases práticos
Agora você já sabe que as possibilidades de aplicação da tecnologia são muitas. Mas, e na prática: como o blockchain vêm sendo incorporado pelos bancos? Veja, a seguir, alguns cases.
Santander
O banco adotou a tecnologia para otimizar as transferências internacionais. É possível enviar dinheiro do Brasil para outro país, contando com a conversão automática do valor em reais para qualquer outra moeda. E o melhor: em vez de esperar dois dias, o destinatário recebe o valor dentro de duas horas. Para os clientes do banco, esse tipo de transação se tornou muito mais barata, rápida e simples.
Itaú
O Itaú incorporou a tecnologia no processo de controle de margens de garantia de derivativos, um tipo de investimento. Para começar a negociação, o investidor precisa depositar uma garantia no banco. O valor varia seguindo a oscilação de preço do derivativo e uma fórmula criada pelo Itaú.
Além disso, usando o Blockchain Collateral, o banco fica com o registro em uma rede segura e confiável, que não permite alteração na negociação feita. Assim, é possível consultar, a qualquer tempo, qual investidor fez a oferta de compra.
Banco Central do Brasil
A instituição bancária criou um projeto de blockchain para facilitar a comunicação com outros órgãos do governo: Susep, a CVM e Previc. A Plataforma de Integração de Informações das Entidades Reguladoras (Pier) conecta o Banco Central com os demais interlocutores, para aprovação de documentos e outras solicitações de colaboração.
Antes, as interações aconteciam por meio de outros canais como e-mail, telefone e ofícios em papel, ou seja, se arrastavam por vários dias até serem concluídas. O blockchain trouxe mais agilidade, segurança e assertividade, minimizando o número de falhas.
Sistema Financeiro Digital
Resultado de uma parceria que reuniu Banco do Brasil, Banrisul, Caixa Econômica Federal, Santander e SICOOB, o Sistema Financeiro Digital (SFD), baseado em blockchain, visa permitir transferências instantâneas, 24 horas por dia, entre correntistas dos bancos envolvidos. A médio prazo, a expectativa é ampliar o acesso ao sistema para as demais instituições também.
O sistema representa um avanço importante para o mercado financeiro, que deixará de depender da câmara de compensação de transferências da Febraban, que atua somente em dias úteis até às 17 horas.
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