O open banking é uma revolução rumo à transformação digital dos serviços financeiros. Nesse modelo, os clientes têm mais controle sobre os próprios dados, decidindo quais instituições financeiras podem ter acesso a eles. Ou seja, os bancos não mais têm a posse dessas informações.
Os dados são disponibilizados por meio de Interfaces de Programação de Aplicação, mais conhecidas como APIs. Isso significa segurança, já que eles não ficam visíveis para qualquer pessoa e não podem ser compartilhados por qualquer indivíduo com acesso.
Embora seja uma evolução nas relações financeiras, uma pesquisa realizada pela consultoria EY revela que o open banking tem um sério desafio para engajar instituições e clientes, especialmente no Brasil. O estudo inclui outros 12 países, levantando o potencial do open banking em cada um deles.
Nosso país, especialmente, ainda traz sérios problemas de segurança que viabilizam fraudes e falhas no universo digital. Isso dificulta o nível de confiança dos clientes para compartilhar as informações entre os serviços financeiros, mesmo com os altos níveis de proteção das APIs.
Neste artigo, vamos abordar informações sobre o open banking e os principais aspectos da pesquisa da EY. Confira os insights a seguir!
Como o open banking vai mudar as relações entre bancos e clientes?
No que diz respeito aos clientes, o open banking significa empoderamento sobre as informações pessoais, com condições para obter mais benefícios nos serviços financeiros e custos menores do acesso a eles.
A proposta também facilita a personalização dos produtos de acordo com as necessidades e o estilo de vida, bem como o acesso a serviços de provedores diferentes de forma mais globalizada.
Enquanto isso, os bancos veem uma oportunidade de mudar os modelos de relacionamento, buscando novos posicionamentos para engajar os clientes. A imagem do setor vai ressaltar a inovação, trazendo percepções melhores sobre as marcas.
Devem surgir novos mercados e produtos, bem como a comoditização do portfólio atual. Nesse cenário, a introdução de APIs é um caminho para facilitar a vida do usuário e manter os bancos mais presentes no cotidiano dele. Com as novas oportunidades de receita e maior quantidade de aplicativos, abre-se um leque de possibilidades, como as plataformas de investimento.
Além disso, as companhias financeiras devem passar a atuar mais em parceria do que em concorrência, com foco na experiência do usuário. A concorrência vai focar entre os players de modalidades diferenciadas, novos modelos de negócio (startups) e os bancos que oferecem contas digitais.
Quais são as oportunidades do open banking?
A EY afirma que 41% dos consumidores não hesitariam em mudar de banco diante de uma melhor experiência nos serviços digitais, enquanto que 79% gostariam que as informações fossem integradas em todos os pontos de contato.
Esses números revelam não só a menor fidelidade aos bancos, como a real necessidade das empresas financeiras buscarem formas de manter a satisfação para segurar a carteira de clientes.
Em relação aos dados, uma vez que o próprio cliente detenha o poder sobre eles, o open banking passa a torná-los disponíveis a todos os players, atendendo ao desejo daqueles 79%.
Analisando o cenário comercial, os bancos realmente precisam inovar para se manterem competitivos. O surgimento de fintechs expandiu a transformação digital no setor e já não dá para ficar fora desse contexto. Se a adoção delas em 2015 era de 18%, esse número cresceu em 2017 para 50%.
Isso significa que os bancos precisam inovar e reformular os próprios sistemas para continuarem competitivos. As fintechs e novos players conseguem fornecer serviços bancários de forma ainda mais aprimorada. O incentivo ao open banking e o uso das APIs podem ser a saída para que as empresas mais tradicionais consigam continuar relevantes no mercado.
O que diz a pesquisa da EY sobre o potencial do open banking?
A pesquisa da EY levantou quatro pilares para analisar o potencial sucesso do open banking nos países propostos. São eles o ambiente regulatório de cada país, o potencial de adoção no mercado, o sentimento dos consumidores sobre o compartilhamento de dados pelo modelo e o ambiente de inovação nos países.
No Brasil, o resultado propõe que temos um cenário propício, já que há uma aceitação e cultura de inovação no Banco Central. Logo, não deve haver grandes impedimentos em relação à regulamentação para que o open banking possa ser instalado no país rumo à transformação digital dos serviços financeiros.
Já o segundo pilar, que é o potencial de adoção, é o mais desafiador. A pesquisa colocou o nosso país no 12º lugar da lista nesse quesito, ou seja, em penúltimo lugar entre os 13 países listados.
Isso tem ligação com a falta de infraestrutura para que toda a população possa ter acesso ao open banking, como o baixo acesso à internet banda larga e a porcentagem bem abaixo da média em relação ao uso de smartphones no Brasil.
Enquanto isso, o pilar do sentimento do consumidor se junta ao primeiro na via favorável do open banking. Embora estejamos abaixo da média no uso de smartphones, o cidadão brasileiro tem usado cada vez mais os aparelhos móveis para realizar transações de serviços financeiros e pagamentos de forma on-line, ainda que o cenário da segurança tenha brechas.
Isso favorece o novo modelo, mas há conflitos na linha de raciocínio ao considerar aspectos positivos e negativos específicos, que tiram o país do 1º lugar para o 9º lugar na lista de sentimento do consumidor. A hipótese é de que as pessoas tenham tido experiências ruins com serviços digitais.
Por fim, o quarto pilar é o ambiente de inovação. Nesse quesito, o Brasil também está bem posicionado no ranking, mas ainda tem um desafio a ser enfrentado: a busca por incentivos financeiros. O financiamento das inovações é um fator que dificulta muitas ações e é preciso criar estratégias para atrair o capital.
Ao analisar o público que participou do relatório, a EY levanta que há mais aceitação entre as pessoas mais jovens. As principais resistências estão no público que tem renda anual entre R$ 10 mil e R$ 20 mil e entre R$ 100 mil e R$ 300 mil, mostrando que rendas altas são menos abertas ao open banking.
A transformação digital dos serviços financeiros nesse modelo ainda está no começo, mas a pesquisa da EY nos traz um panorama dos desafios para que ele se espalhe no Brasil e em outros países. Você está aberto à proposta?
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