A criptomoeda do Facebook e seu impacto no setor bancário

Leonardo Reis Vilela

17 outubro 2019 - 17:04 | Atualizado em 29 março 2023 - 17:38

Tela de celular com a moeda digital Lira do Facebook

O Facebook, um dos gigantes atuais da transformação digital, anunciou em junho de 2019 sua própria criptomoeda. Baseada em blockchain e em processos de Know Your Client (KYC), um relatório do CNBC apurou que a moeda pode render até US$ 19 bilhões em receita até 2021. 

O lançamento da Libra é a porta de entrada da empresa de Mark Zuckerberg no universo financeiro. E, ao pensar que o Facebook tem mais de 2,6 bilhões de contas ativas, além de ser proprietária também do WhatsApp, a decisão de ter uma moeda digital abre imensas possibilidades no oferecimento de novos serviços.

A empresa deixou claro que pretende atingir países em desenvolvimento, onde as pessoas têm pouco ou nenhum acesso a serviços bancários. Seu potencial é de ser primeira moeda digital global a ser usada por bilhões de usuários em todo o mundo. 

O movimento, que estremeceu o mercado corporativo, promete também impactar o setor bancário mundial. Conheça, neste post, de que maneira.

A transformação digital do blockchain e a ameaça do Facebook

Em todo o mundo, o valor comercial derivado da blockchain deve crescer de US$ 9 bilhões em 2019 para US$ 50 bilhões em 2022, segundo o Gartner. O maior crescimento deve ocorrer em 2020, com o lançamento da Libra: só neste ano haverá um aumento de 128% no valor comercial.

A entrada do Facebook no mercado financeiro coloca uma pressão adicional sobre os bancos comerciais em um momento em que eles já se esforçam para competir com os modelos adotados pelas fintechs – mais ágeis e tecnológicos.

Esta não é a primeira vez que a empresa tenta entrar no setor de serviços financeiros. Há alguns anos, a empresa lançou seu próprio cartão de crédito. Mas, mesmo com uma grande campanha de marketing, o esforço fracassou pela pouca aceitação. 

Mas a Libra, no entanto, é diferente. A criptomoeda só foi possível ser desenvolvida pelo aporte de outras gigantes financeiras como Paypal, Mastercard e Visa. 

Estas corporações estão interessadas nas novas possibilidades de processamentos de pagamentos – ainda baseadas em modelos caros e ineficientes de décadas atrás. 

O blockchain representa uma maneira melhor em muitos aspectos. Por exemplo, as redes financeiras como a proposta pelo Facebook não necessitam da intermediação de bancos e outras instituições de pagamento, que cobram taxas e retardam o processamento de transações. 

E é justamente este o ‘perigo’ que a Libra significa tanto para a maioria das organizações de serviços financeiros! A criptomoeda cria um sistema de pagamento fora da estrutura bancária tradicional. 

Caso tudo dê certo, a tendência é levar imensas quantias de dinheiro para a rede Libra. Isso significa que os bancos obterão muito menos receita com taxas bancárias, de pagamento e juros, por exemplo. 

Os bancos e seus departamentos de Tecnologia da Informação (TI), que geralmente têm uma abordagem de esperar para ver em relação às moedas digitais, precisarão começar a planejar uma reação, também utilizando criptomoedas.

O futuro das criptomoedas

A questão das criptomoedas há algum tempo já vem chamando a atenção de outros gigantes mundiais, que correm para desenvolver e colocar no mercado seus produtos.

E, embora alguns bancos e serviços de cartão de crédito e processadores de pagamento sejam parceiros do Facebook no Projeto Libra, eles também são grandes concorrentes.

A tendência é que todas as megaempresas e marcas vão disputar a participação da preferência do consumidor. Apple, Amazon e outras corporações também vão querer esse mercado. 

Algumas corporações, inclusive financeiras, já estão saindo na frente. Conheça, abaixo algumas iniciativas. 

JP Morgan Chase

O JP Morgan Chase planeja lançar o que é considerada a primeira criptomoeda apoiada por um grande banco. O JPM Coin, como o banco está chamando o novo produto, é considerada uma moeda fiduciária porque é lastreada em dólares americanos em contas designadas no JPMorgan Chase NA.

Uma moeda JPM tem o valor equivalente a um dólar americano e os testes devem começar ainda em 2019, de acordo com um relatório da CNBC. O JPM Coin é baseado em blockchain, permitindo a transferência instantânea de pagamentos entre contas institucionais. 

E como será o seu funcionamento?

Segundo o site da instituição “Quando um cliente envia dinheiro para outro pela blockchain, as moedas JPM são transferidas e resgatadas instantaneamente pelo valor equivalente em dólares”.

IBM

A IBM lançou em março a Blockchain World Wire, uma rede global de pagamentos quase em tempo real também baseada na tecnologia de contabilidade distribuída (DLT). 

Baseada em blockchain, oferece uma nova maneira de trocas de pagamentos internacional. Atualmente, ela é capaz de transferir fundos para mais de 50 países usando 47 moedas digitais lastreadas em moedas fiduciárias.

A maior parte do volume de transações na rede serão pagamentos relacionados ao comércio eletrônico, trabalhadores estrangeiros que desejam transmitir dinheiro de volta para seus países de origem ou pagamentos de consumidores que fizeram compras usando redes eletrônicas, como cartão de crédito ou PayPal. As redes de remessa usando o Blockchain World Wire da IBM são equivalentes a Moneygram ou Western Union.

Segundo a empresa, a World Wire é a primeira rede de blockchain a integrar mensagens de pagamento, compensação e liquidação em uma única ferramenta, permitindo que os participantes escolham dinamicamente entre uma variedade de ativos digitais.

Inicialmente, a principal moeda eletrônica usada no livro-razão da blockchain será uma moeda estável, que é apoiada por dólares americanos e outras moedas nacionais. Mas os participantes da rede também terão a opção de usar criptomoeda semelhante ao bitcoin.

A tecnologia de contabilidade distribuída em que a World Wire se baseia permite que os participantes realizem transações abertamente, reduzindo os riscos e os custos associados a fraudes.

Overstock

Em 2015 a Overstock.com se tornou o primeiro grande varejista a aceitar bitcoin como forma de pagamento de mercadorias. Hoje, ele aceita mais de 40 versões da moeda digital para compras on-line.

Na mesma época em que a Overstock.com estava adotando o bitcoin para pagamentos, colocou uma participação de capital de risco na tecnologia de contabilidade distribuída (DLT) por meio da Medici Ventures, sua subsidiária.

A Medici Ventures concentra seus investimentos em algumas áreas emergentes da adoção de blockchain: mercado de capitais, gerenciamento de identidade e outras tecnologias. Até o momento, a empresa investiu em diversas startups usando blockchain como base para seus produtos.

Gostou de conhecer como a transformação digital da criptomoeda do Facebook vai impactar  o setor bancário? Então continue lendo o blog da Cedro Technologies para conhecer mais temas interessantes como este!

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